segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Desembarcando da vida.

 Sabe, eu não consigo me concentrar
voltei para casa procurando em 
outros rostos aquele olhar, que custeou
todo o peso do meu medo de um dia ter acreditado 
amar.
 Este coração calejado que habita um corpo 
marginalizado por não se enquadrar nos padrões
é obrigado a manter-se calado. 
 Então caminho até a cozinha e me pego pensando
por onde você deve de estar andando. Enquanto adoço o café
sinto o gosto amargo da vida que por um tempo andou tão
fria quanto está bebida que goela abaixo vou ingerindo,
mas é impossível de ser digerida, mas engulo, já que não vejo saída.
 Acendo um cigarro e ligo a TV, o algoz vem via satélite
e não é bem isso que eu quero ver, 
o que eu queria mesmo era estar na marginal Tiete seguindo as placas que me levaram a você. 
 Em cinzas o cigarro se desfez e não precisei tragar sequer uma vez,
assim a vida vai fazendo comigo sem que eu perceba vou sendo consumido. 
 Tive a minha subjetividade saqueada e tudo que planejei não me serviu pra nada, já que nesse jogo eu fui a carta marcada.
 Por hoje todo peso que sinto vai se desfazendo a cada palavra 
que vou escrevendo, com o tempo contado, mas com o corpo conformado, eu me desprendo do sistema que me manteve algemado. 
 Se você soubesse o quanto me libertou, eu voltaria atrás, mas agora
tanto faz, já que esse nó não se desfaz. 
 Vão dizer que fiquei louco, ou rotular como depressão, mas a escolha que fiz foi a de libertar esse coração, eu prefiro a corda no pescoço à sobreviver nesse mundo cão.

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